Neste artigo, pretende-se analisar experiências de desenvolvimento de competências e reconhecimento profissional da pessoa com deficiência já inserida no contexto organizacional, considerando os principais atores envolvidos nesse processo. Trata-se de um estudo de caso qualitativo, realizado em uma multinacional farmacêutica, sediada no estado de São Paulo, em que se teve por objetivo descrever e discutir as práticas formais de desenvolvimento profissional da pessoa com deficiência (PcD) adotadas por essa organização, bem como as experiências informais pelas quais passaram esses indivíduos na empresa em questão. Além disso, buscou-se analisar a articulação entre atores externos que estavam imbricados no processo de inclusão, a saber: o sindicato das indústrias farmacêuticas e uma organização não governamental (ONG) especializada em PcDs. Os resultados problematizam a iniciativa de promover um processo de construção e desenvolvimento de competências por meio de experiências formais e informais, e mesmo de autodesenvolvimento, específicas para a PcD. Nesse sentido, a experiência em estudo revelou que nessa iniciativa prevaleceram as premissas acerca das limitações decorrentes das características biológicas dos indivíduos, já que as práticas de desenvolvimento nem sempre trabalharam sobre o potencial desses profissionais, que pouco avançaram, considerando-se as possibilidades que a organização oferece. Outro resultado relevante é que, embora a articulação entre empresa e agentes externos ocorra, não há um diálogo nem uma parceria efetiva que permita fazer avançar o processo de inclusão e de desenvolvimento desse grupo de profissionais. Ao final, procurou-se apresentar ainda elementos que permitam a reflexão sobre a condução de programas organizacionais voltados à PcD e suas implicações, que podem estar a serviço tanto da promoção como da manutenção do status quo da PcD na corporação.
This article analyzes competence development experiences and the professional recognition of disabled individuals who are already part of an organization, taking into account the main actors involved in this process. It is based on a qualitative case study, carried out in a pharmaceutical multinational in the city of São Paulo. The aim of the study was to describe and discuss the formal practices of this organization for the professional development of disabled people (DPs), as well as the informal experiences of the latter in this firm. Moreover, it analyzes the articulation with the external actors also involved in the process: the pharmaceutical industries union and a Non-Governmental Organization (NGO) specialized in DPs. The results problematize the initiative of promoting a process of constructing and developing competences by means of formal or informal experiences and self-improvement that is specifically for DPs. The experience studied here showed that in this initiative, assumptions about the limitations caused by the biological characteristics of the individuals prevailed. The development practices have sometimes failed to deal with the potential of these professionals, who have progressed little, given the possibilities offered by the organization. Another relevant result is that although there is some articulation between the company and the external agents, there is no effective dialogue or partnership that might enable the process of inclusion and development of DPs to advance. Finally, the study presented elements to encourage thinking on the conduction and implications of organizational programs for DPs. These programs might foster progress or merely encourage the maintenance of the status quo of DPs in the corporation.
En este artículo se pretende analizar experiencias de desarrollo de competencias y reconocimiento profesional de la persona con discapacidad ya incluida en el contexto organizacional, tomándose en cuenta los principales actores involucrados en este proceso. Se trata de un estudio de caso cualitativo, realizado en una multinacional farmacéutica con sede en el Estado de São Paulo, que tuvo por objeto describir y discutir las prácticas formales de desarrollo profesional de la persona con discapacidad adoptadas por esa organización, así como las experiencias informales por las que pasaron dichos individuos en la empresa en cuestión. Además, se buscó analizar la articulación entre actores externos que participaron en el proceso de inclusión: el sindicato de las industrias farmacéuticas y una organización no gubernamental (ONG) especializada en personas discapacitadas. Los resultados problematizan la iniciativa de promover un proceso de construcción y desarrollo de competencias por medio de experiencias formales e informales, e incluso de autodesarrollo, específicas para la persona con discapacidad. En este sentido, la experiencia en estudio reveló que en esta iniciativa prevalecieron las premisas relacionadas con las limitaciones provenientes de las características biológicas de los individuos, ya que las prácticas de desarrollo no siempre enfocaron el potencial de esos profesionales, que poco crecieron, cuando se tienen en cuenta las posibilidades ofrecidas por la organización. Otro resultado relevante es que, aunque la articulación entre empresa y agentes externos sea un hecho, no existe diálogo ni tampoco un trabajo en conjunto efectivo que permita hacer avanzar el proceso de inclusión y de desarrollo de ese grupo de profesionales. Por fin, se buscó presentar además elementos que permitan la reflexión sobre la conducción de programas organizacionales dirigidos a personas con discapacidad y sus implicaciones, que tanto pueden estar al servicio de la promoción como del mantenimiento del status quo de la persona con discapacidad en la corporación.